Nanã, a deusa dos mistérios, é uma divindade de origem simultânea à criação do mundo, pois quando Odudua separou a água parada, que já existia, e liberou do “saco da criação” a terra, no ponto de contacto desses dois elementos formou-se a lama dos pântanos, local onde se encontram os maiores fundamentos de Nana.

Senhora de muitos búzios, Nana sintetiza em si morte, fecundidade e riqueza. O seu nome designa pessoas idosas e respeitáveis e, para os povos Jeje, da região do antigo Daomé, significa “mãe”. Nessa região, onde hoje se encontra a República do Benin, Nana é muitas vezes considerada a divindade suprema e talvez por essa razão seja frequentemente descrita como um orixá masculino.

Sendo a mais antiga das divindades das águas, ela representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência. É mãe dos orixás Iroko, Obaluaiê e Oxumaré, mas por ser a deusa mais velha do candomblé é respeitada como mãe por todos os outros orixás.

A vida está cercada de mistérios que ao longo da História atormentam o ser humano. Porém, quando ainda na Pré-História, o homem se viu diante do mistério da morte, em seu âmago irrompeu um sentimento ambíguo. Os mitos aliviavam essa dor e a razão apontava para aquilo que era certo no seu destino.

A morte faz surgir no homem os primeiros sentimentos religiosos, e nesse momento Nana faz-se compreender, pois nos primórdios da História os mortos eram enterrados em posição fetal, remetendo a uma ideia de nascimento ou renascimento. O homem primitivo entendeu que a morte e a vida caminham juntas, entendeu os mistérios de Nana.

 

Nana é o princípio, o meio e o fim; o nascimento, a vida e a morte. Ela é a origem e o poder. Entender Nana é entender o destino, a vida e a trajectória do homem sobre a terra, pois Nana é a História. Ela  é água parada, água da vida e da morte.

Nana é o começo porque Nanã é o barro e o barro é a vida,  é a dona do axé por ser o orixá que dá a vida e a sobrevivência, a senhora dos ibás que permite o nascimento dos deuses e dos homens.

 Pode ser a lembrança angustiante da morte na vida do ser humano, mas apenas para aqueles que encaram esse final como algo negativo, como um fardo extremamente pesado que todo o ser carrega desde o seu nascimento. Na verdade, apenas as pessoas que têm o coração repleto de maldade e dedicam a vida a prejudicar o próximo se preocupam com isso. Aqueles que praticam boas acções vivem preocupados com o seu próprio bem, com a sua elevação espiritual e desejam ao próximo o mesmo que para si, só esperam da vida dias cada vez melhores e têm a morte como algo natural e inevitável. A sua certeza é a imortalidade da sua essência.

Nana, a mãe maior, é a luz que nos guia, o nosso quotidiano. Conhecer a própria vida e o próprio destino é conhecer Nana, pois os fundamentos dos orixás e do Candomblé estão ligados à vida. A nossa vida é o nosso orixá.

É na morte, condição para o renascimento e para a fecundidade, que se encontram os mistérios de Nana. Respeitada e temida, Nana, deusa das chuvas, da lama, da terra, juíza que castiga os homens faltosos, é a morte na essência da vida.

Características dos filhos de Nana Burukú

Os filhos de Nana são pessoas extremamente calmas, tão lentas no cumprimento das suas tarefas que chegam a irritar. Agem com benevolência, dignidade e gentileza. As pessoas de Nana parecem ter a eternidade à sua frente para acabar os seus afazeres; gostam de crianças e educam-nas com excesso de doçura e mansidão, assim como as avós. São pessoas que no modo de agir e até fisicamente aparentam mais idade.

Podem apresentar precocemente problemas de idade, como tendência a viver no passado, de recordações, apresentar infecções reumáticas e problemas nas articulações em geral.

As pessoas de Nana podem ser teimosas e “ranzinzas”, daquelas que guardam por longo tempo um rancor ou adiam uma decisão. Porém agem com segurança e majestade. As suas reacções bem equilibradas e a pertinência das suas decisões mantêm-nas sempre no caminho da sabedoria e da justiça.

Embora se atribua a Nana um carácter implacável, os seus filhos têm grande capacidade de perdoar, principalmente as pessoas que amam. São pessoas bondosas, decididas, simpáticas, mas principalmente respeitáveis, um comportamento digno da Grande Deusa do Daomé.

   Dia: Terça-feira

Cores: Anil, Branco e Roxo

Símbolo: Bastão de hastes de palmeira (Ibiri)

Elemento: Terra, Água, Lodo

Domínios: Vida e Morte, Saúde e Maternidade

Saudação: Salubá!




IEMANJA

 É a rainha de todas as águas do mundo, seja dos rios, seja do mar. O seu nome deriva da expressão YéYé Omó Ejá, que significa, mãe cujo filhos são peixes. 

Na África era cultuada pelos egbá, nação Iorubá da região de Ifé e Ibadan onde se encontra o rio Yemojá. Esse povo transferiu-se para a região de Abeokutá, levando consigo os objectos sagrados da deusa, e foram depositados no rio Ogum, o qual, diga-se de passagem, não tem nada a ver com o Orixá Ogum, apesar de no Brasil Yemojá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é de um rio que corre para o mar. Inclusive, todas as suas saudações, orikís e cantigas remetem a essa origem, Odó Iyà por exemplo, significa mãe do rio, já a saudação Erù Iyà faz alusão às espumas formadas do encontro das águas do rio com as águas do mar, sendo esse um dos locais de culto a Yemonjá.

Yemonjá é a mãe de todos os filhos, mãe de todo mundo. É ela quem sustenta a humanidade e, por isso, os órgãos que a relacionam com a maternidade, ou seja, a sua vulva e seus seios chorosos, são sagrados.

Yemonjá é o espelho do mundo, que reflecte todas as diferenças, pois a mãe é sempre um espelho para o filho, um exemplo de conduta. Ela é a mãe que orienta, que mostra os caminhos, que educa, e sabe, sobre tudo, explorar as potencialidades que estão dentro de cada um, como fez com os guerreiros de Olofin, mostrando o quanto eram bons nos seus ofícios, mas dizendo, ao mesmo tempo, que a guerra maior é a que travamos contra nós mesmos.


A energia de Yemanjá juntou-se a Orugan. Dessa interação nasceram diversos omo- Orixás e dos seus seios rasgados jorraram todos os rios do mundo. Yemonjá é a própria água, suas lágrimas transformaram transformar num rio que correu em direcção ao oceano. Portanto, não é por acaso que as lágrimas e o mar tem o mesmo sabor.

Dissimulada, e aridlosa, Yemonjá faz uso da chantagem afectiva para manter os filhos sempre perto de si. É considerada a mãe da maioría dos Orixás de origem Iorubá. É o tipo de mãe que quer os filhos sempre por perto, que tem uma palavra de carinho, um conselho, um alívio psicológico. Quando os perde é capaz de se desequilibrar completamente.

Yemonjá é a mãe que não faz distinção dos seus filhos, sejam como forem, tenham ou não saído do seu ventre. Quando humildemente criou, com todo amor e carinho, aquele menino cheio de chagas, fez irromper um grande guerreiro. Yemonjá criou Omulu, o filho e senhor, o rei da terra, o próprio Sol.

 

 As oferendas a Iemanja.

As oferendas mais comuns são flores, perfumes, jóias, pentes, espelhos, leques e outros acessórios à vaidade feminina. À noite, velas acesas são deixadas na areia da praia para que Iemanjá possa encontrar suas generosas oferendas.

Tradicionalmente, pescadores locais juntam estes presentes deixados na praia e os colocam em cestas grandes. Eles levam as oferendas em seus barcos e as deixam em alto mar. Na certeza da Fé que  Iemanjá recolherá suas oferendas do fundo do oceano e aslevará consigo junto com as aflições e preces dos seus seguidores.

Os donos de escravos brasileiros proibiam que os negros africanos cultuassem seus Orixás livremente. Como resultado ocorreu o sincretismo do catolicismo e a crença dos Orixás. Em Salvador na Bahia, a santa católica Nossa Senhora dos Navegantes se uniu com a Orixá Iemanjá criando um sistema religioso afro-brasileiro.

As festas e comemorações. 

Fevereiro é o mês official de Iemanjá na Bahia. Em Salvador milhares de pessoas se enfileram ao amanhecer para deixar suas oferendas no santuário formado no Rio Vermelho. De todos os estados do Brasil, os seguidores do Candomblé na Bahia celebram a forma mais pura da religião africana. Dia dois de fevereiro é o dia de Iemanjá que é celebrado com uma grande festa e muitos presentes para a rainha.

Também nesta data em Pelotas no Rio Grande do Sul, a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes é carregada até o porto de Pelotas. Ao final desta festa católica, em reconhecimento a este culto sincrético, os barcos jogam suas âncoras e os seguidores de Umbanda levantam a imagem de Iemanjá. Esta é uma cerimônia que é assistida por milhares de pessoas na margem do rio.

Em Salvador, o dia 8 de dezembro é outro dia de festa para Iemanjá. A Festa da Conceição da Praia é um feriado na cidade dedicado à católica Virgem Maria assim como à Iemanjá. Também dia 8 de dezembro em Salvador, em Pedra Furada, Monte Serrat, se oferecem presentes à Iemanjá. Aqui pescadores baianos comemoram sua devoção à Rainha do Mar.

Fora do estado da Bahia, Iemanjá é celebrada principalmente por seguidores da religião de Umbanda. Fundada no Brasil nos anos 1900, esta é uma forma mais moderna da religião Africana. Umbanda tem milhões de seguidores em todo o Brasil, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro.

No estado de São Paulo, Iemanjá é celebrada às margens da praia de Praia Grande nos dois primeiros finais de semana de dezembro. Nesses dias veículos carregando a imagem e as cores de Iemanjá atravessam desde as montanhas de São Paulo até o litoral, frequentemente viajando dezenas de quilômetros. Ao final desta jornada, milhares de pessoas se juntam próximas à imagem de Iemanjá na praia de Praia Grande.

No final do ano, no Rio de Janeiro, milhares de cariocas (não importando suas religiões) saúdam a chegada do novo ano vestidos de branco. Eles se encontram na praia de Copacabana, assistem fogos de artifícios e jogam flores no mar com esperanças que a rainha realizará seus desejos no novo ano que se aproxima. Alguns enviam seus presentes à Iemanjá em barquinhos de madeira. Pinturas de Iemanjá são vendidas nas lojas do Rio, próximas à pinturas de Jesus, da Virgem Maria e de outros santos católicos. Iemanjá é representada como uma linda mulher se elevando do mar. À noite o porto de Copacabana fica todo iluminado com as oferendas à Iemanjá. Flores e velas acesas velejam nos pequenos barcos enquanto são levadas a alto mar.



 

OXALA

É a representação do Trono Natural da Fé e seu campo de atuação preferencial é a religiosidade dos seres, aos quais ele envia o tempo todo suas vibrações estimuladoras da fé individual e suas irradiações geradoras de sentimentos de religiosidade.

Fé! Eis o que melhor define o Orixá Oxalá. Sim, amamos irmãos na fé em Oxalá. O nosso amado Pai da Umbanda é o Orixá irradiador da fé em nível planetário e multidimensional. Oxalá é sinônimo de fé. Ele é o Trono da Fé que, assentado na Coroa Divina, irradia a fé em todos os sentidos e a todos os seres.

lenda 

Nos conta a historia que Olódùmarè, entregou a Oxalá o saco da criação para que ele criasse o mundo. Porém essa missão não lhe dava o direito de deixar de cumprir algumas obrigações para outros Orixás e Exu, aos quais ele deveria fazer alguns sacrifícios e oferendas.

Oxalá pôs a caminho apoiado em um grande cajado, o Paxorô. No momento em que deveria ultrapassar a porta do além, encontrou-se com Exu que, descontente porque Oxalá se negara a fazer suas oferendas, resolveu vingar-se provocando em Oxalá uma sede intensa. Oxalá não teve outro recurso senão o de furar a casca de um tronco de um dendezeiro para saciar a sua sede.

Era o vinho de palma o qual Oxalá bebeu intensamente, ficou bêbado, não sabia onde estava e caiu adormecido. Apareceu então Olófin Odùduà que vendo o grande Orixá adormecido roubou-lhe o saco da criação e em seguida foi a procura de Olodumaré, para mostrar o que teria achado e contar em que estado Oxalá se encontrava.

Olodumaré disse então que “se ele esta neste estado vá você a Odùduà, vá você criar o mundo”. Odùduà foi então em busca da criação e encontrou um universo de água, e aí deixou cair do saco o que estava dentro, era terra. Formou-se então um montinho que ultrapassou a superfície das águas.

Então ele colocou a galinha cujos pés tinham cinco garras. Ela começou a arranhar e a espalhar a terra sobre a superfície da água, onde ciscava cobria a água, e a terra foi alargando cada vez mais, o que em Ioruba se diz IlE`nfê expressão que deu origem ao nome da cidade Ilê Ifê.

Odùduà ali se estabeleceu, seguido pelos outros Orixás e tornou-se assim rei da terra.

Quando Oxalá acordou, não encontrou mais o saco da criação. Despeitado, procurou Olodumaré, que por sua vez proibiu, como castigo a Oxalá e toda sua família, de beber vinho de palma e de usar azeite de dendê. Mas como consolo lhe deu a tarefa de modelar no barro o corpo dos seres humanos nos quais ele, Olodumaré insuflaria a vida.

OXALÁ

Um dia Oxalufam, que vivia com seu filho Oxaguiam, velho e curvado por sua idade avançada, resolveu viajar a Oyó em visita a Xangô, seu outro filho. Foi consultar um babalaô para saber acerca da viagem. O adivinho recomendou-lhe não seguir viagem. Ela seria desastrosa e acabaria mal.

Mesmo assim, Oxalufam, por teimosia, resolveu não renunciar à sua decisão. O adivinho aconselhou-o então a levar consigo três panos brancos, limo-da-costa e sabão-da-costa, assim como a aceitar e fazer tudo que lhe pedissem no caminho e não reclamar de nada, acontecesse o que acontecesse. Seria uma forma de não perder a vida.

Em sua caminhada, Oxalufam encontrou Exú três vezes. Três vezes Exú solicitou ajuda ao velho rei para carregar seu fardo, que acabava derrubando em cima de Oxalufam. Três vezes Oxalufam ajudou Exú, carregando seus fardos imundos. E por três vezes Exú fez Oxalufam sujar-se de azeite de dendê, de carvão, de caroço de dendê.

Três vezes Oxalufam ajudou Exú. Três vezes suportou calado as armadilhas de Exú. Três vezes foi Oxalufam ao rio mais próximo lavar-se e trocar suas vestes. Finalmente chegou a Oyó. Na entrada da cidade viu um cavalo perdido, que ele reconheceu como o cavalo que havia presenteado a Xangô.

Tentou amansar o animal para amarrá-lo e devolvê-lo ao filho. Mas neste momento chegaram alguns súditos do rei à procura do animal perdido. Viram Oxalufam com o cavalo e pensaram tratar-se do ladrão do animal. Maltrataram e prenderam Oxalufam. Ele, sempre calado, deixou-se levar prisioneiro.

Mas, por estar um inocente no cárcere, em terras do Senhor da Justiça, Oyó viveu por longos sete anos a mais profunda seca. As mulheres tornaram-se estéreis e muitas doenças assolaram o reino. Xangô desesperado, procurou um babalaô que consultou Ifá, descobrindo que um velho sofria injustamente como prisioneiro, pagando por um crime que não cometera.

Xangô correu para a prisão. Para seu espanto, o velho prisioneiro era Oxalufam. Xangô ordenou que trouxessem água do rio para lavar o rei. O rei de Oyó mandou seus súditos vestirem-se de branco. E que todos permanecessem em silêncio. Pois era preciso, respeitosamente, pedir perdão a Oxalufam. Xangô vestiu-se também de branco e nas suas costas carregou o velho rei. E o levou para as festas em sua homenagem e todo o povo saudava Oxalá e todo o povo saudava Xangô. Depois Oxalufam voltou para casa e Oxaguiam ofereceu um grande banquete em celebração pelo retorno do pai.

 

O filhos de oxala:

As pessoas de Oxalá são calmas, responsáveis, reservadas e de muita confiança. Seus ideais são levados até o fim, mesmo, mesmo que todas as pessoas sejam contrárias a suas opiniões e projetos. Gostam de dominar e liderar as pessoas. São muito dedicados, caprichosos, mantendo tudo sempre bonito, limpo, com beleza e carinho. Respeitam a todos mas exigem ser respeitados.

Comidas:

Frutas , Canjica Branca , uva branca,  mel de abelha, água mineral,  rosa branca,

A cor de Oxalá é o branco e o seu dia é a sexta-feira. Os seus filhos devem vestir branco neste dia. Pertencem a Oxalá os metais e outras substâncias brancas.

 

OSSAIN

Considerado o pai das plantas sagradas e milagrosas, Ossain é o Orixá da cura. Por ter o conhecimento e poder sobre qualquer vegetação, consegue a cura de todos os males de maneira natural. Dessa forma, é um Orixá que atua em trabalhos pela saúde e ajuda quem procura levar uma vida saudável.

É um dos Orixás mais misteriosos da Umbanda e tem um comportamento bastante reservado. Entre todos os outros Orixás, Ossain não tem nenhum relacionamento com os demais e é o que menos se sabe sobre a vida. No sincretismo religioso, é relacionado com São Benedito.

Ossain é um Orixá bastante reservado e pouco visto nos terreiros. Acredita-se que ele até prefere que existam várias lendas sobre si, já que não se importa com isso, afinal, tem bastante segurança sobre quem é, o que quer e como trabalha.


 Essa sua sabedoria e paz de espírito são representadas em sua vestimenta com a cor branca combinada com o verde das folhas.


Junto com Oxóssi e Ogum, é um defensor das matas e encontra nas florestas mais virgens e profundas a emanação pura da energia da natureza. Aconselha-se sempre deixar uma oferenda aos três Orixás sempre que adentrar a uma mata, já que é um território sagrado e que deve ser respeitado.


Os filhos desse Orixá carregam consigo as principais características e energias do pai. No geral, são indivíduos bastante equilibrados e cautelosos. Dificilmente você encontrará um filho de Ossain deixando seus gostos, simpatias e antipatias interferir na forma como entendem e opinam sobre os outros. 


Dessa forma, são pessoas que sabem muito bem controlar seus sentimentos e emoções.

Também são muito racionais e frios nas decisões que tomam, demonstrando uma invejável capacidade de discernimento. Além disso, assim como o Orixá, são reservados e nunca opinam em questões que não lhes dizem respeito.

 

DIA: Quinta-feira.

CORES: Verde e Branco.

SÍMBOLOS: Haste ladeada por sete lanças com um pássaro no topo (árvore estilizada).

ELEMENTOS: Floresta e Plantas selvagens (Terra).

DOMÍNIOS: Medicina e Liturgia através das folhas.

SAUDAÇÃO: Ewé ó!

 

OGUN

Ogum é o Orixá da Lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão e a emoção. É o Trono Regente das milícias celestes, guardiãs dos procedimentos dos seres em todos os sentidos.

Ogum é sinônimo de lei e ordem e seu campo de atuação é a ordenação dos processos e dos procedimentos. O Trono da Lei é eólico e, ao projetar-se, cria a linha pura do ar elemental, já com dois pólos magnéticos ocupados por Orixás diferenciados em todos os aspectos. O pólo magnético positivo é ocupado por Ogum e o pólo negativo é ocupado por Iansã. Esta linha eólica pura dá sustentação a milhões de seres elementais do ar, até que eles estejam aptos a entrar em contato com um segundo elemento. Uns têm como segundo elemento o fogo, outros têm na água seu segundo elemento.

Ogum é o Orixá da guerra, aquele que abre caminhos e toma a iniciativa. É visto como um guerreiro forte e justo. Coragem e nobreza fazem dele um orixá admirado por todos aqueles que se inspiram na energia da ação, do ímpeto e da sabedoria.

Assim como os outros orixás conhecidos no Brasil, ele veio junto com os povos africanos que já o cultuavam e veneravam na África. Ele está presente nas religiões afro-brasileiras Candomblé e na Umbanda.

Em ambas as religiões, ele é representado pela imagem de um guerreiro negro, forte e com uma espada na mão. No Candomblé, ele normalmente é representado com roupas azuis escuras e na Umbanda, com roupas vermelhas. Em alguns terreiros de Umbanda, se usam estátuas católicas no lugar de estátuas de orixás para fazer o sincretismo com a cultura trazida pelos portugueses para cá. Nesses casos, no lugar de Ogum, podemos encontrar a estátua de São Jorge, que é o santo que tem as mesmas características do guerreiro Ogum.

 Seja como Ogum ou como São Jorge, ele é guerreiro. Por isso, é associado a elementos e símbolos pertinentes a essa ocupação. Espadas, objetos de ferro, armaduras e outros aparatos de soldados podem ser relacionados à energia desse orixá.

Lenda 

Ogum vivia em sua aldeia, quando foi requisitado para uma guerra, que não tinha data para acabar. Antes de partir, ele exigiu que seus habitantes dedicassem um dia em sua homenagem, fazendo o sacrifício de jejuar e fazer silêncio absoluto, além de outras oferendas.

Partiu, em sua longa jornada, para os campos de batalha, onde permaneceu sete anos.

No regresso à sua aldeia, caminhou durante muitos dias, sentindo muito cansaço.

A fome e a sede também o atormentavam.

Na primeira casa que encontrou pediu água e comida, mas ninguém o atendeu, permanecendo calados e de olhos fixos no chão.

Resolveu, então, fazer outra tentativa na próxima casa, mas a cena foi a mesma, o que despertou sua ira.

Ele esbravejou com os moradores, exigindo que falassem com ele, mas ninguém o fez.

Não se conformava com tamanha falta de respeito, depois de ter lutado tanto!

Ogun esperava uma recepção calorosa em sua própria aldeia, mas, ao contrário, só encontrou silêncio.

À medida que avançava pelo interior da cidade, a mesma coisa se repetia, casa após casa. Ogun nem imaginava o que estava acontecendo.

Perguntava e não recebia resposta.

Sua ira já estava incontrolável, quando chegou ao centro do povoado, onde haviam muitas pessoas. Estranhou o fato de ninguém estar conversando.

Perguntou a eles onde estavam suas famílias, mas não obteve resposta.

Era uma afronta!

Foi assim que, evocando todos os seus poderes, Ogun dizimou sua própria aldeia.

Caçadores que passavam pela cidade, entre eles seu filho, o reconheceram e tentaram aproximar-se.

Vendo que sua cólera era imensa, resolveram evocar Exú para acalmá-lo.

A ira desse orixá finalmente foi aplacada.

Seu filho, indignado ao ver tanta destruição, indagou o motivo que levou seu pai a cometer tal atrocidade.

Ogun respondeu que aquelas pessoas lhe faltaram com respeito quando não o reconheceram.

Precisavam de um castigo.

Foi, então, que seu filho fez-lhe lembrar da exigência que fizera antes de partir para a guerra.

Ogun, tomado pelo remorso, devido à sua crueldade com pessoas que só estavam obedecendo ordens, abriu o chão com sua espada enterrando-se de pé.

Divindade masculina ioruba, figura que se repete em todas as formas mais conhecidas da mitologia universal.

Saudação – Ogunhê, Patacuri Ogun!
Sincretismo – São Jorge
Festa – 23 de Abril
Dia de Culto – 3ª Feira
Símbolos – Espadas e Peças de Ferro
Cores – Azul Índigo
Número – 3
Bebida – Cerveja Branca, Vinho Branco, Água de Coco
Comida – Feijoada, Inhame Assado com Feijão Preto
Elemento – Fogo
Ervas – Espada de São Jorge, Arruda, Eucalípto, Alfazema
Flores – Cravos Brancos, Jarro Branco
Animais – Cão
Quizilas – Pântano, Lodo
Local de Oferta – Estradas, Caminhos Abertos, Caminhos-de-Ferro
Domínio - Senhor do Ferro e da Forja, da Guerra, do Bom Combate, das Invenções, Engenharia e da Tecnologia




 

 

OM0LÚ

O nome Omolu significa "Senhor Dono da Terra" e Omulu quer dizer "Filho do Senhor". Só pelos nomes já imaginamos o respeito que o povo do santo têm por este orixá.


Filho de Oxalá com Nanã, foi abandonado por sua progenitora em uma gruta, próximo ao mar, por ser manco, deformado e ter o corpo coberto de chagas. Foi adotado por Iemanjá que o criou como se fosse seu filho.


Assim como sua mãe, Obaluaê é um orixá originário do Daomé. As divindades dessa região africana são muito antigas. Nos cultos de Omolu e Nanã, por exemplo, não se usam utensílios metálicos, o que sugere que o culto a estas divindades pode preceder a idade do ferro.

Ao contrário dos orixás iorubanos, que são alegres, ativos, que possuem características que os aproxima dos humanos, os orixás do Daomé são sérios, contemplativos, deixando clara sua superioridade aos homens e, quando estes vem a Terra, são indícios de grandes catástrofes.

Com OMOLU  não é diferente. No passado foi temido por ser considerado o orixá da varíola e das doenças epidêmicas.


Em tempos de epidemias, todas as cidades faziam grandes oferendas a este orixá, na intenção de afastar as doenças.

Mas o velho hoje é visto pelo que é. Um orixá bondoso que ajuda a todos que precisam, entretanto, aqueles que merecerem sua fúria, sentirão o pranto e o ranger dendentes.


Pelo lado de sua mãe biológica, recebeu o controle dos espíritos dos mortos (eguns), e de sua mãe adotiva, recebeu a guarda desses espíritos através da calunga.


OMOLU rege as casas e póstos de saúde, as clínicas, hospitais, necrotérios e cemitérios, em suma, todos os lugares onde a dor, a doença, o sofrimento e a morte se encontram.

A este orixá é atribuído o dom da vida e da morte, da cura e do alcance de toda sorte de bênçãos. Seu poder maior é a transformação, a transmutação das coisas e dos seres, cujo símbolo máximo é a morte física, que é a transformação da vida, passando a ser uma vida espiritual.


Atua na morte dos seres cortando o fio de prata que liga o perispírito ao corpo físico, e também é ele quem o liga no ato da reencarnação. Ele é morte, mas também é vida.

O Velho  é a terra dura e quente, como a febre das doenças infecciosas, mas mesmo nesse terreno inóspito OMOLU faz a vida surgir, conduzindo e transformado nossos defeitos em virtudes.

O VELHO OMOLU  é a morte para uma nova vida, é a saúde, a prosperidade.

Usa um capacete e roupa feita de palha da costa que não deixa visível nem seu corpo e nem seu semblante. 

 

Dizem que Iemanjá preparou essa roupa para o filho, para que ele pudesse esconder seu defeitos e, principalmente, a lepra que carregava. 

Outras lendas dizem que a roupa existe para guardar os olhos de quem o vê, pois se olhássemos diretamente para ele seríamos cegados pela energia irradiada de seu corpo, semelhante a um sol.

OMOLU sempre teve poder sobre os mortos, mas algumas correntes defendem que ele conheceu todos os oruns (céus) e dominou todos os seus mistérios, de forma a não haver entidade positiva ou negativa que o incomode em suas andanças pelo além.

É temido por todos os espíritos por possuir o dom de converter um espírito em um ovóide, o qual cola no teto de sua caverna enquanto considerar necessário.

Outra lenda diz que Oxalá, vendo OMOLU crescer em poder com o passar do tempo, teve medo de que ele ultrapassasse seu próprio poder, colocando sobre ele todas as dores e o sofrimento dos humanos. Vendo seu corpo coberto de doenças e pústulas, Então o VELHO  pergunta a Oxalá:

- Por que fez isso comigo?

Ao que Oxalá responde:

- Vendo o crescimento de seu poder, tive medo que se tornasse um tirano, então coloquei o sofrimento do mundo sobre você para que jamais se esqueça de ajudar os homens que são fracos e tanto precisam de nossa ajuda.

 

É também conhecido como padroeiro dos pobres, humildes e doentes. Quem pede com respeito e humildade a Omolu, é prontamente atendido.

A febre, a doença (em especial as de pele e as contagiosas), cegueira e surdez, catapora, varíola e sarampo, são consideradas manifestações deste orixá que somente age quando existe necessidade de purificar a humanidade.

Ainda todas as dores que sentimos, sem importar a origem, o calor abafado, a agonia, a ansiedade, a coceira e o mal funcionamento dos órgãos também evidenciam a sua presença.

SEU OMOLU  é a força da natureza que rege o incômodo de um modo geral.

É protetor dos aleijados, mutilados, doentes mentais e de todos os enfermos.

Enfim, é o orixá da misericórdia. Está ligado ao oculto com muita força e muito temos para desvendar dessa força da natureza.

Invocamos O VELHO em todos os momentos, principalmente em casos de doenças.

 

 seus  filhos  são cautelosos e discretos, sempre presentes mas pouco notados.

São rústicos e desajeitados, faltando-lhes a diplomacia e  as vezes bom gosto.

São combativos, gostam de planos a longo prazo, e quase sempre alcançam seus objetivos. São perseverantes, gostam de estabilidade, tendo muita dificuldade para aceitar mudanças.

São realistas, resignados, humildes, conservadores, e optam por uma vida de renúncia.

 Os homens não tem sorte com as mulheres e as mulheres.

Na vida profissional, são exigentes e meticulosos, possuindo grande senso de responsabilidade. Compreensão, amizade e generosidade são qualidade que aparecem mais facilmente no ambiente de trabalho.


Em desequilíbrio são levados a esquisitices, vaidade exagerada, maldade, morbidez, intolerância. 

Ocultam sua individualidade sob uma máscara de austeridade. Socialmente são

superficiais e intimamente são profundos e distantes.

Apaixonam-se por pessoas totalmente diferentes de si, como figuras extrovertidas e sensuais, por exemplo.

Normalmente são irônicos, secos e diretos. Não falam pelas costas e nem levam desaforos para casa. Odeiam fofocas.

Gostam de solidão. Não se sentem satisfeitos quando a vida corre normalmente. Gostam de mostrar seu sofrimento, se bem que exageram um pouco neste quesito.

São muito independentes e tem a necessidade de crescer com suas próprias forças e recursos.

Apresentam pouco brilho no rosto e semblante sério, com poucos momentos de descontração. Adoram fazer caridade e aliviar o sofrimento dos outros.

 Seu Instrumento é o Xaxará (cetro de palha da costa adornado com búzios.

No Sincretismo Relgioso é  São Lázaro e  São Roque -;

Data de culto: 16 de agosto - 17 de dezembro;

Saudação: Atotô (Silêncio, respeito);

Área de atuação: Vida, morte, cura e transformação;

Elemento: Terra;

Metal: Chumbo;

Astro regente: Saturno;

 

Dia da semana: Segunda-feira (almas); (Em algumas vertentes é cultuado na Quarta-feira);

Cor da guia: Preto e branco, em algumas casas lilás ou violeta;

Cor da vela: Preto e branco, em algumas casas lilás ou violeta;

Pedra: Obsediana, ônix;

Bebida: Água mineral, vinho tinto, café;

Sua oferenda: Feijão preto, pipoca, amendoim torrado e pilado (abadô); Abacaxi, laranja, maracujá, uva preta;

Flores: Crisântemo branco, monsenhor branco, dálias escuras;

 Ervas: Eucalipto, guiné caboclo, folha de bananeira, erva de bicho, velame, agoniada, manjericão roxo, carobinha do campo, cordão de frade, alfazema, cinco chagas, barba de velho;

Local de oferta: Cemitérios, grutas e praia;

Animais: Cachorro, caranguejo e galinha d'angola;

Falamos aqui um pouco do velho OMOLU.